segunda-feira, 17 de agosto de 2009

EU TE AMO

abro os olhos, vejo teu olho. fecho os olhos, sonho teus olhos no sono. : e isso continua, como se abre e fecha o leque: eternamente ao calor dos ventos. e mesmo que o amor não me ame, eu amo a ele. feito um camelo que guarda a água mas nunca mata a sua sede. como se guarda um blefe e se estoura a banca em um lance de mestre.
[eu queria ter teus olhos para olhar pra mim. e saber o que verias, saber se é verdade ou pura dramaticidade o que vês, vez a vez, e o que poderias ver se realmente olhasses nos meus olhos translúcidamente, no fundo do olho, examinando detalhadamente o fundo do lodo do meu poço, no ponto em que alma salta e se declara, onde para um bom olhador meia piscada basta.]
fecho os olhos, acho que para nunca mais abrir. fecho os olhos para ficar só comigo, enormemente comigo. às vezes consigo. e quando não vejo você, então aí sim, me sinto entregue ao infinito. mas não deliro. deito no leito do mais cruel céu e do mais celestial inferno: vejo a mim mesmo, me pego nas mãos, me acalento, me surro, me sussurro e me berro. vejo a mim mesmo como o velho mais sábio, como o menino frente a um astrolábio. e aí, dentro deste cômodo, olho a mim mesmo no espelho que tenho a frente. e me vejo entre o rubor e o pálido, um tanto de infante e um tanto de senhor, eu mesmo um meio de eterno e átimo, um começo sem ponto, um final sem parágrafo, um fim feliz com eternos olhos cegos: nunca sonhadores, nunca sonhados.
e feixo o texto feito um abraço num longínquo celeiro. e fecho os versos como um beijo encharcado de suor, escorrendo pelos cantos dos beiços.
e isso só para o prazer de redizer que te quero.
tudo só para a razão de firmar que te amo.


marco/17.08.2009.

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