sábado, 3 de outubro de 2009

REVÓLVER

você me seduz com palavras, papo sussurrado em termos nem sempre amenos. você me conduz com gestos que sempre não vejo mas estão presentes, vindos talvez de algum sonho, segredo, desejo, memória, nem sempre serenos.
o amor é meu querido dragão que lança chamas e se deita aos pés do cavaleiro Jorge para ser rendido, lanceado, vencido. no entanto se transmuta em outras encantações: vulcões, tisumâmis, ciclones – coisas de bicho esperto. que não só queima mas sopra, mareja, treme e revolve. bicho esperto, o amor sempre teima em revolver.
difícil é quando o amor não permite que se estenda, como um braço de rio, a mão amiga; quando se exime de considerar ouvir, como um sopro do espírito, um dizer de afeto. difícil é sempre, o amor, quando não se faz só de glacê, glamur, glande e grandes lábios. bicho arisco, o amor corre, pára, segue para, volta para, inventa novo caminho e tanto une como separa. bicho exótico, o amor te diz que é um tamanduá ótimo enquanto se disfarça de péssimo ornitorrinco.
o amor é o meu querido fiador. aquele que, como eu, diz: devo, não nego, pago quando puder.


marco/30.09.2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário