segunda-feira, 16 de novembro de 2009

UM SOL

Tenho em mim um sol com seu absurdamente grande e óbvio calor e de resplandecência extremamente bela. Tenho em mim a luz que faz a vida prosperar, o que faz haver vida, que faz a vida ser sentida e ter sentido.
Esse meu sol é o mesmo que habita em todos os seres vivos mas este, aqui na minha mão, aqui na minha pele, aqui na minha alma: é o meu sol íntimo.
É de todos os que ele ilumina mas é só meu, este sol que me renasce a todo dia.
Essa luz que se parece com esperança, que se estremece como criança parida, essa força que dá força à terra e dos brotos se revela em clorofila. Essa coisa que faz levantar os potros, os bezerros e as novilhas, esse maremoto de energia que me faz amar e fazer do amor minha sentença e alma e carapuça e armadilha.
Tenho em mim um sol que não tem domicílio somente em meu coração de leão como também na ponta dos meus cílios: cada vez que vejo, cada vez que pisco, cada vez que choro é no meu sol que brilha a minha lágrima, nele se espraia meu abalo sísmico, é nesse sol que espelho o meu ser amante, prazeroso e difícil.
Meu sol é a minha maior realidade e o meu mais real artifício.
Tenho em mim uma luz de sol que quer resplandecer para além dos problemas, emblemas, doenças e sacrifícios.
Quero um verão pleno de pomares repletos de mangas e umbús e laranjas e a abóboras e chuchús e goiabas e tamarindos. Quero a luz do sol em todos os idosos, em todos os medrosos, em todos os corajosos, em todos os anciãos e em todos os meninos.
Tenho um desejo de sol que ultrapassa as noções de dia e noite, que envolve as porções de noite e dia, que dissolve os teoremas e resolve com luz e felicidade um novo bom dia.
Tenho em mim um sol que te ama, que me ama, que quer fazer da gente uma eterna poesia.

marco/16.11.2009.

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