segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


A HARD DAY’S NIGHT

um dia difícil porque meus olhos não veem bem, ou melhor, vem cinza no que é grisalho, ou pior, veem chumbo o que é azul cobalto. um dia difícil porque tenho algumas pequenas decisões a tomar e não tenho certeza do que quero para nenhuma delas. porque hoje eu não quero a rosa mais linda que houver nem a primeira estrela que vier para enfeitar a noite do meu bem. nem do meu mal. nem do trapézio a três nem do diabo a quatro. nem mesmo um chá das cinco ou a ridícula reta dos ponteiros quando dá seis horas, momento dos anjos e enlevos, dos reconhecidos, dos decaídos, dos delicados sons e das mastigações de pães por aqueles indivíduos arrebatados pela fome, pela gana imensa que é reter um naco para sobreviver.
um dia difícil quando se pensa nessas coisas e não em borboletas. um dia difícil como um caminho onde se pega uma ponte e que essa não atravessa, não vai dar em que lugar que fosse. um dia endiabrado como uma cega foice: feito para não desunir mas para magoar, feita para bater e não para podar. uns dias como esse existem, às vezes, mas são tão identificáveis como um demônio na encruzilhada ou um fogo fátuo entre os travesseiros com fronhas de seda ou linho. um dia difícil, muita vez, é como um arminho morto no pescoço da bela modelo ou como um verso curto que te lembre que a felicidade é sempre uma arma quente.
e após um difícil dia, só mesmo uma noite fumegando de dúvidas atrozes, de súplicas atrizes, de dores de artroses.

marco/07.12.2009.

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