terça-feira, 21 de julho de 2009

UM RETRATO SEM IMAGEM: SÓ SENTIMENTO.

Vi uma mulher chorar. Muito.
Bem silenciosamente, chorando muito.
Penso que por amor ou desamor, mas certamente de dor. Muita.
Creio que coisa repente e automáticamente avassaladora. Sem aviso ou prévio pedido de permissão o sentimento a conquistou, tomou posse, imperou.
Sem lágrimas ou soluços, somente uma fonte deslizando de seus olhos, francamente.
O que não me causa susto, desejo de socorro, apreensão nenhuma. Reconheço fisiológicamente o que vejo porque me reflete no fundo do olho, me arrepia todas as peles, pelos e espinha, me exerce uma força tamanha que quase que acho que aquela água é minha.
Que é a minha. Mina de sal e mágoa.
Então, só agora sei, que aquela mulher, de alguma forma talvez mais que humana, foi amalgamada a mim: amada sina, amiga involuntária e inalienável da minha vida.


marco. 19.07.2009.

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