domingo, 30 de agosto de 2009

ME SENTO EM MEU SÍTIO

não demarco territórios. oro a cada arco de passagem que ora surgem em meu caminho. levem a pontes ou cidadelas, transpasso a soleira e sigo sem meias-paradas, ou viro rio que se apega em breve enseada para depois retomar seu caminho, feito tempo que nunca pára. não me valem sacerdócios ou vargens de outras pragas. meu bem vem de muito além, de cismos matusalém, desdém não me traz mais mágoas. não me falem de equinócios, eclipses, caleidoscópios, sapientíssimos ou ignóbeis. minha sanha é permanência, sobreviver ao amor, que faz de besta os letrados, de vivos os inanimados, que faz de ralé os nobres. em minha trilha levo matilhas e não varas, dou aos meus cãos o meu osso, deixo desperolados os porcos. nunca fui soldado a nenhum ferro ou plataforma. sou meu escravo sendo meu dono, senda de toda minha colheita e estorvo. não é de mim nenhuma inveja, raiva, vingança. guardo em mim uma réstia de paz interna, que me governa através da miséria, máfia, desesperança. nunca fui de excelências e não é agora, neste momento de excrecências que vou por minha palavra a pouco. minha palavra sempre esteve além das regras, minha palavra sempre esteve em jogo. minha palavra respira nos bares, brilha nos altares, bica nos pomares, busca em todos os lugares os que possam ser lares para a poesia, para a palavra bem dita. amor é palavra bendita. te amo é certeza em minha vida. não suporto oratórios. deixo para outros os supositórios.

marco/30.08.2009.

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