sexta-feira, 30 de outubro de 2009

UM BEIJO

quero um beijo molhado.
como se fosse terça-feira do próximo carnaval,
cheio de saliva, cerveja, suor.
e salgado do mar diante e em nós.
e doce como o sonho bom que teima em voltar,
assim como os pesadelos.
ruim como a viagem má, bom como um lance legal.
quero um beijo abstrato e bem carnal:
estrelas no céu da boca e células se contorcendo,
linguagens de todos os países

e ritmos e cores e doses,
e vidas e, ainda mais pensar se
se consegue a compreensão do infinito.
quero um beijo mítico. um gesto místico, idílico.
quero um beijo inédito, cálido ou fervente,
mágico ou concreto, dramático e sem lástima
como devem ser os mais deliciosos e curtidos beijos.
elástico e com estática como servem a nós
os mais preciosos e elétricos e relaxantes beijos.
quero um beijo; um só talvez – talvez – um só baste.
se for haste para tanta bandeira

que ainda há que se altear,
para cantos e prantos e mistérios e quebrantos;
para quantos espantos me leva

a fascinidade de um beijo?
quero um beijo; talvez muitos mais,
sem ser talvez demais,
sem se chegar ao cúmulo.
mas se for um movimento puro

de nervos e músculos,
porque não um beijo maiúsculo?
quero um beijo feminino, um beijo másculo,
um beijo que uma o que eu penso e o que eu acho,
o que eu creio e o que eu devaneio,
o lazer e o trágico, o humor e o dramático,
o real e o mágico, o prazer e o que lastimo,
eu que sou um náufrago mas nado

e não me dissemino.
quero um beijo, feito primeiro e único,
em meus lábios grossos
os teus lábios lindos.

marco/30.10.2009.

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