quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


PRÓ
acho fulgurante ter te encontrado, me miscigenado contigo, sem nem talvez você saber que isso acontecia por dentro de mim, ou até eu mesmo não me dar noção do quanto no quando poderia ser conquistado. esses movimentos, em mais de um momento, são fachos de luz que não queimam os olhos, muito mais me revestem de unguentos que, por sua vez, não neblinam a visão mas mais a determinam a te ver: e quanto mais de perto melhor, e quando mais certo o enredo, melhor pro ator e tão mais pro autor. acho e perco essa chave de ter te encontrado e ver portas se abrirem para sem erro te sorrir, depois eu me revisitar em todos os atropelos, zelos, em cada fio de pelo e me redescobrir assim um ser: capaz de ainda amar, voraz de emoções e carinhos, feições delineadas em especiais silhuetas que eu quero e careço. por isso este texto não era pro público, estas palavras iriam ficar em nossos centímetros cúbicos. mas queria mais dizer que o amor ainda existe e por isso vale às penas estar vivo, ter te escrito, mesmo que sejam instantes súbitos. e nada mais. mas múltiplos!
marco/29.12.2009.

domingo, 20 de dezembro de 2009


SER AMÁVEL

muita vez a gente acha que basta amar para receber amor em troca. nada disso, não é bem assim. além de amar é preciso ser amável.
e assim, se o seu, não é ou foi um amor de primeiríssima vista, com certeza você já exigiu do amor, do qual cobra troco, algumas ou muitas prerrogativas ou premissas ou pré-requisitos, dos mais vulgares aos mais esquisitos. dos mais dramáticos aos mais hilários. por isso, mais que haver amor, que mostrar amor, que exalar amor, que falar de amor, que fazer amor, muito mais é necessário ser amável.
tanto ao homem como à mulher este indício é imprescindível: ser amável.
ser amado ou amada já é outra história, outra questão, é outro caso. mas para receber a graça do amor devemos ser amáveis. e não pense em aparência ou condição, não só nisso. lembre de todos os seus maus pensamentos e acrescente algumas potências e tente avaliar o que do outro lado te espera. do outro lado do seu amor há um outro amor que sempre irá te surpreender. que te pede um compromisso mas logo após quer sumir de você. por isso é urgente ser amável.
e ser amável, criatura, é um exercício de adivinhação. e não adianta ir aos búzios, aos tarôs, às bolas de cristal, às loterias da caixa econômica federal. quem tem que intuir, pressentir, predestinar, saber como: é você. quem tem que assumir o oráculo do provável é você mesmo e não tem escapatório. e não tem escapulário que te benza de antemão.
e, sabendo, para cada pessoa um você amável. e em cada pessoa, a cada tempo, um amável você, a cada minuto, segundo, átimo.
mas não é isso que a gente quer? alguéns que gostem de nós de forma indubitável, cega e surdamente amorosos e compreensivos e que nos tragam alívios e não pesares, queremos voar nos sonhos e não nos arrasar na realidade, pois não?
então, com quem por certeza ou acaso cruzar meus caminhos, faço um trato: seja amável comigo e eu tentarei ser pra você um ser amável.

marco/20.12.2009.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


FARISEUS

sabe quanto é precioso e às vezes pernicioso dizer eu te amo?
por isso eu não disse e acho mesmo que nunca direi pois você não veio à vez, você é uma pedra preciosa para outro anel; ao mesmo tempo que sei que você é fruta de vez, e tem que ser colhida, assim como sei tirar do pássaro e do peixe, onde exista, o fel.
sabe o quanto é preciso de asas e rezas para chegar aos céus?
nem eu nem deus nem todos os diabos sabem o quanto de estima se tem que se ter para conquistar um estar no seu eu.
quero é continuar a caminhar pequenino em meu caminho, e se importante for, se for imprescindível, dar um jeitinho para seu sorriso se encontrar com o meu.
sabe como é um passarinho, livre, aceitar uma armadilha só por querer ser seu?
sabe o que é uma maravilha?
nossos dois caminhos múltiplos e sem véus.  e a gente tentar acreditar que vai sair dessa incólumes, ateus.


marco/07.12.2009.

NORMAL

Gostaria muito, se a vida me fizesse um obséquio, de me apaixonar de novo. Mas não como um tolo embasbacado e equivocado com os encantos de uma nova possível parceira, enredado em uma oportunidade como se fosse a última e não a terceira, quarta ou milésima quinta. E olha que tentei, mas não deu certo. Nem deu errado. É que somente andar de lado a lado, de bar em bar, de clima em clima, de projeto em projeto, não me dá mais sebo nas canelas, não me faz ir além, não refaz em mim o grande sentimento que já tive algumas vezes, algumas poucas vezes, não me traz a grandeza plena e extrema que já desfrutei quando amei uma, duas ou três mulheres únicas.
Gastaria o resto de minha vida a me dedicar a um amor. Mesmo que fugidio mas fecundo e úmido, mesmo que incompreensível mas sensível e múltiplo, até um absurdo surto que nos ilude, estranho mas entranhado, percurso em minhas veias, concurso em nossas belas ou feias atitudes. Mas sobretudo um amor que nasça do saber, que viva do prazer e se despeça da vida como sempre foi: um ato claro e certo de quens sabem que amam porque querem e nada nos obriga e nada nos oprime e nada nos retém, nem mesmo em nós, o nada é o nosso tudo, é o nosso caos, é o nosso rumo de amar sabendo que este sentimento é uma arma fatal.
Gostaria de te amar até a derradeira fogueira ou até a última pedra e o cal.
Não posso, mas gostaria de te amar normal.

marco/07.12.2009.

A HARD DAY’S NIGHT

um dia difícil porque meus olhos não veem bem, ou melhor, vem cinza no que é grisalho, ou pior, veem chumbo o que é azul cobalto. um dia difícil porque tenho algumas pequenas decisões a tomar e não tenho certeza do que quero para nenhuma delas. porque hoje eu não quero a rosa mais linda que houver nem a primeira estrela que vier para enfeitar a noite do meu bem. nem do meu mal. nem do trapézio a três nem do diabo a quatro. nem mesmo um chá das cinco ou a ridícula reta dos ponteiros quando dá seis horas, momento dos anjos e enlevos, dos reconhecidos, dos decaídos, dos delicados sons e das mastigações de pães por aqueles indivíduos arrebatados pela fome, pela gana imensa que é reter um naco para sobreviver.
um dia difícil quando se pensa nessas coisas e não em borboletas. um dia difícil como um caminho onde se pega uma ponte e que essa não atravessa, não vai dar em que lugar que fosse. um dia endiabrado como uma cega foice: feito para não desunir mas para magoar, feita para bater e não para podar. uns dias como esse existem, às vezes, mas são tão identificáveis como um demônio na encruzilhada ou um fogo fátuo entre os travesseiros com fronhas de seda ou linho. um dia difícil, muita vez, é como um arminho morto no pescoço da bela modelo ou como um verso curto que te lembre que a felicidade é sempre uma arma quente.
e após um difícil dia, só mesmo uma noite fumegando de dúvidas atrozes, de súplicas atrizes, de dores de artroses.

marco/07.12.2009.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


ENFIM

o amor quer ter fim
e não há nada
que o faça resistir.

nem teu beijo mais amoroso
nem teu silêncio absoluto
nem teu gozo, teu soluço
nem teu recanto mais íntimo
nem teu muco, teu esforço
teu cabelo em desalinho
nem teu ato resoluto
nem teu dengo mais gostoso
nem teu olho, nem teu dente
nem teu mais caro presente
nem teu mais claro futuro
teu passado tão sozinho.

o amor quer partir
e nada há
que o faça reunir.

marco/01.12.2009.