segunda-feira, 19 de outubro de 2009

COM A CARA LIMPA ENQUANTO MINTO*

sinto nas entranhas uma desgraçada e imensa saudade que me causa estertores, que me traz náuseas, me retém o controle motor, sinto um naufrágio e uma falta que asfixia, sinto tudo de todo e muito e no entanto minto.
ninguém sabe das mínimas ilhas onde habitam seres completamente ignóbeis do que é amor, ninguém sabe dessas minhas ilhas, das falésias de onde a dor desaba e vai por terra tentar se livrar da sede no mar.
sinto na espinha essa desregrada e violenta saudade que me aponta o dedo e me acusa de desertor, só porque não pude mais sofrer, não tive como reaver o amor, passar em revista exércitos de erros, não persisti até o último fôlego, degolei o infinito.
por isso minto que é saudade a dor do fracasso que sinto
.

marco/09.2009
*Paulo Vanzolini.

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