terça-feira, 6 de outubro de 2009

O AMOR É ÓTIMO

amor é um bólido. e quando vem e atravessa bem no centro de seus olhos, não tem deus que acuda, não há demônio que lhe dê remorsos.
amor é um boldo. chá que desremói o fígado e os intestinos, verde como a bílis ainda não madura. o amor é um soldo eterno e mal pago, peripécia, estrepolia, façanha e artimanha, o amor é um rodo enredando tudo, toda água: de lágrima, de suor, de banho, de chuva, vai cair no seu ralo.
o amor é um todo que quando quer se faz raso ou não dá pé, o amor endiabrado nem sabe o que quer, o que dá, o que é mel, o que é hortelã, o que é aniz, o que é azedume.
o amor não tem prumo, o amor te persegue, vira lata, enche açude, te agadanha, te faz de pasto e estrume, se desmede, te traz trunfo, te promete mundos e perfumes e te ganha a flor da pele, os músculos, os orifícios, a cabeça vira febre e você é só mais um, é só mais uma, que se abre em gomos em seus gumes.
o amor é sólido, fingido fluido. o amor é inóspito, mendigo ardiloso. pede um tostão quer o bolso, dá um alô, fica amigo. quer seu amor te lambuza com méis e anéis e chuvas de farturas. quer ir embora te joga pro lado, esquece do vale, da fatura, da fratura em tua amargura.
o amor é cólico. infestação infectada de bem querer, indigestão, poder, e ódio. o amor é máximo do abismo que eu quero ter próximo. bicho com raiva humana, cão amestrado pela mente insana, o amor é um espólio que ainda desejo. eu e minha fraca fé e meus esguios medos, eu e meu pavio curto neste velório sem deus ou mais breu.

marco/06.10.2009.

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