quinta-feira, 5 de novembro de 2009


CUPINS, BROCAS E TRAÇAS


Trapaças (Chico Buarque de Holanda): Contigo aprendi a perder/e achar graça/pagar e não dar importância/contigo a trapaça/por trás da trapaça/é pura elegância//se deres por falta/do teu riso esperto/dos teus sortilégios/entende e perdoa:/eu ando nas ruas com o sol/descolado da tua pessoa.
"
só tinha de ser com você, só você havia de me fazer passar tão bem com você, tão mal sem você. reaprender o que é amor e ao mesmo tempo reconhecer todo o seu lado pestilento, amargoso, como se fosse uma picada do inseto ou aracnídeo mais letal e doloroso; como se fosse uma espinha na garganta e no entanto a dor menor do que o sufoco.
havia de ser com você para eu valorar a desilusão. quando não é uma paixão de estação, não uma fascinação de hora, uma polaróide instantânea – quando é um grande amor que se fina, então a história e a estória se completa e se declina diferente: cada um no seu canto conta o que quiser, cada um no seu canto desafina o quanto puder.
tinha de ser com você, havia de ser pra você, este novo senão que é mais uma dor. e dói mesmo, dói feio, dói para caramba! quero dançar um tango, quero entoar um bolero, quero fazer um samba; quero chorar com Jacob no bandolim, quero estertar com a flauta de Pixinguinha, quero Hermínio, Paulo Pinheiro e Vinícius a me orarem poemas de amores perdidos e encontrados, falidos e ressuscitados, desvalidos e findos.
é, só tinha de ser assim mesmo, com você que é bonita demais, que é feita de azul.
é, só tinha de ser assim, medíocre e banal, meu princípio de final, meu início do fim.
benditos aqueles que amam pois deles será a esperança e a tragédia, a trapaça e a elegância, os andrajos de um amor morto, as franjas alvas de cada novo e insuportável dia.

marco/05.11.2009.

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