domingo, 8 de novembro de 2009


VÍRGULAS E RETICÊNCIAS

o melhor de amar e escrever,
é poder ser grave e solene,
mentir ou iludir conforme a fase,
conforme a frase,
déspota ou indigente,
ter o poder de poder,
disfarçar as rugas nos olhos,
ocultar os sentimentos,
por vírgulas em todos os versos,
que não necessitam deles,
o mesmo melhor de amar e ser poeta,
é saber brincar com destinos,
voltar a ser menino,
sofrer de dor de cotovelo,
se embolar nesse novelo,
sem ser gato ou fuso,
é querer um horizonte,
mesmo que seja a parede,
ou a porta em frente,
e não escalar os montes,
morros, montanhas,
não descansar nos lagos,
e se esforçar nos mares, nas marés,
piscinas olímpicas e outras atividades,
menos físicas e mais mediúnicas,
mais para tísicas do que para saúdes,
o bom de poder tocar esse instrumento,
que é tocar as palavras como um bando,
de cordeiros ou ovelhas,
uma vara de porcos, uma colméia de abelhas,
dizendo o óbvio e ditando,
o próximo evangelho,
com base naquele mesmo velho ditame,
que diz que é vinho o que é sangue,
que será sangue o que hoje é vinho,
que cada instante é,
íntimo e preciso,
especial e definido,
que cada palavra poderá,
a cada segundo,
ser um silêncio definitivo...

marco/8.11.2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário