quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


AMAR É RAMA

Desde sempre coleciono versos, trechos, poemas, daqueles arrebatados de amor ou paixão, de sentimentos em combustão de si mesmos. Um amigo me disse que sou um irrecuperável romântico preso em um tango sem final, em um bolero desmedido demais para ser verdade. Mas é fato que desde sempre me remoo nas lembranças dessas orações, essas frases, essas palavras que me agradam e sensibilizam as retinas e os olhos, os poros e a pele, os ossos e suas articulações, os pavilhões e os ouvidos, as papilas, língua, garganta, traqueia e tudo mais que vem abaixo, ou ao lado ou à frente, nesse caminho entre os sete buracos da cabeça e outros mais recônditos porém não reticentes.
Desde sempre seleciono amores e paixões em escaninhos estanques da vida. Se alguns se parecem ou tem alguma sintonia entre eles e elas, outras e outros nem espelham que se referiam a mesma minha pessoa. Mas nada como o olor e o sabor de uma embriagadora ilusão para trazer luz, mesmo por instantes, àquele desgraçado coração. Nada como o nunca para suscitar promessas de alguma, naquele desgarrado coração.
Desde sempre tenho o olhar lince para olhos fulminantes, coxas grossas, sorrisos gratos, saias justas, mocotós graúdos. Qualquer lance às vezes torna-se o portal do paraíso, o rumo do descaminho, que se não der em beijo e carinho, em cama e suor, em nuvem e espinho, em hino em fá maior, pelo menos vai deixar um verso de bolero, uma rima de balada, um ritmo de samba no desengonçado coração.
Desde que o mundo é meu que intenciono ser o mais belo poeta do universo, já que não posso ser o poeta mais belo: perco de dez para castro alves e talvez empate com noel rosa. mas já me bastam deles as companhias nesse absurdo embate.
Desde sempre dedico versos a criaturas femininas, depois aprendi a respeitar os mais velhos e me curvei sobre os que me fizeram e construíram, além de oferecer a gratidão aos amigos que se postaram e chegaram a mim e eu a eles.
Desde sempre quis ter um bem para quem quer que fosse que me inspirasse afeição. Hoje, incrédulo, vejo que sigo assim, mesmo descrente de maravilhas, ainda um homem rente a absurdos e no entanto crente do seu vulgar mas sagrado moto perpétuo: amar. e se enredar, e me enramar.

marco/21.12.2009.

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