POEMA DO ANO DEZ
que o novo anoseja um ovo
chocante.
verde, azul ou rosa,
como aqueles dos bares
das rodoviárias.
mas que seja também
um torso
constante
verde e rosa ou azul
e que ele te leve
longe das barbáries,
das intempéries e
das políticas que não tem
amor como raiz.
que o novo calendário
seja um ideário
que possa se realizar;
que o seu amor
seja possível de amar;
que esses mais outros dias
sejam de se rever
aquilo que se recusou
a reconstruir.
que a gente possa ter
um estojo
onde guarde grafite, tinta e borracha
e saiba gravar o que é sempre,
o que é provisório,
o que é definitivamente
agradável ou nojo,
imprescindível ou descarte.
que a gente,
toda gente,
possa ver a luz do próximo dia
sem maldizer
mais um dia que nasceu.
que a gente
quando for fazer mais gente
que saiba que isso
inclui: amor, paz, carinho, zelo e
sustentabilidade.
quero dizer: não adianta
eu morrer por você,
eu parir alguém,
sem necessidade.
quero dizer:
que o novo ano
seja um ano novo,
um ovo
de colombo.
marco.2009/2010.
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