quinta-feira, 5 de março de 2009


VAI VER QUE É ISSO

Nunca sei o que está começando ou acabando.
O fluxo é um bruxo que não me deixa,
não me deixa parar. Para entender.
Nunca sei o que será início ou o que estárá findo.
Sei quando falta paciência, sono, dinheiro, alegria;
sei quando acaba a noite, a bebida, o papel higiênico. Nunca
sei o que está acontecendo, mal sei a hora exata: tenho uns sete relógios marcando, macerando números desiguais: no celular, na cabeceira, nas telas da tv ou do micro, na parede da cozinha, no microndas.
Mas é preciso saber?
É preciso o saber?
O fluxo, se é o tempo, não é a vida. Se for a vida, então dá um tempo!
Senão me enforco de angústia e me esgano de agonia e me enfado de aceleração e me engasgo de esperança.
Olha só: cheguei à beira do fim do ancoradouro. Não há barcos. Mas há mar. Estou parado num extremo de trilha, de frente para o infinito. Posso nadar. Posso esperar uma condução. Posso. Posso esperançar.
Quero?
Não quero nem saber. Já disse pra você: não sou início, não sou fim. Talvez seja seu meio, quando você ilumina o ambiente e me dá pão e água e sexo e conselhos.
Uns eu vou urinar e descomer, outros eu vou esquecer e gozar.
Nunca sei o que está terminando ou principiando.
Vai ver que é porque não sou nem terminal nem príncipe. Vai ver.
Vai ver e depois me conta.
Sim?

marco/05.03.2009.

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