segunda-feira, 27 de julho de 2009

VOCÊ é FONTE
(mesmo quando não está minando, mesmo quando não está defronte).

levou minha ventura, levou mas não ficou: descartou, jogou fora: no lixo, na esquina, no meio fio, no ar, jogou no mar.
me deixou sem cartas, sem migalhas, sem quinas, sem meios, sem fios, sem ar, sem mar.
porto seco, sou eu. um navio, uma barcaça, uma canoa, uma jangada: esperanças massacradas até a morte, com requintes de crueldade.

o amor é mesmo esse banquete de mendigo. ainda sei o seu nome, distingo sua voz, espelho seu olhar, conheço seu corpo (os maciços e os esqueléticos tremores), ainda sei seu apelido, distingo seus rumores, espelho seus trejeitos, percebo suas sanhas (as poderosas e as frágeis artimanhas), conheço e reconheço sua estranha alma. o amor é o mesmo e esse.

levou minha secura. e me alagou de mormaço. e me fez salobro. e achou e me devolveu minha amargura. e redescobriu meu cansaço. e alimentou meu pouco sono. e ressuscitou os meus terrores insones.
levou o meu passado, roubou o meu presente e me assaltou o futuro. o amor é mesmo essa caldeira de rompantes, esse cadinho de destinos.

levou meu horizonte, levou mas não foi adiante.
me deixou com minha memória: só, sério, forte e fatídico como um elefante rumo ao seu cemitério.


marco/24.07.2009.

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