quarta-feira, 12 de agosto de 2009

AMOR É MORA
(que viva o quanto quiser, morra quando for a hora)

O amor me deve quilômetros de combustíveis para ir além. E eu lhe devo milhares de memórias que falsamente confesso que não tenho, trilhares de lençóis de lágrimas que eu juro que jamais verti, tectônicas viagens, mente e corpo, que absolutamente finjo que não vivi e mais, muito mais: surreais miragens que, eu sei, foram verdadeiras; mas porém o amor me nega seu esteio, quando eu não sigo a regra e, talvez confuso ou inocente, como não lhe nego nada, nada dele acoberto. O amor me deve absurdos de milênios, se eu fosse contar em tempos. Mas o amor me deve, deve, deve. Vê-de: o amor me mede onde eu somente peço: dê-me.
[ Jogo de palavras, lavras que pago ou deixo? Larvas em que nado e eu nem peixo? É muito fácil, pelo menos para mim, enunciar palavras e formar frases e cortar versos e fazer que alguém, qualquer alguém – não que preciso seja a minha pessoa amada – que alguém acredite que meu dizer, que o meu escrito, que o meu prazer ou meu grito, ou o meu grito de prazer – que acredite que isso (assim, de repente, sem mais nem menos), seja uma verdade universal. Então tá! Então tal. ]
Ah eu que sou devoto não me devo nada e nem a ninguém ou a nada, deixa eu te dizer: já chorei tudo o que tinha para aguar, já penei tudo o que teria para peneirar, faço versos rudes porque estou cansado de pensar. E de cru basta o meu corpo nu e solitário nesta cama, coisa ilesa de qualquer perigo ou crença, mas também imenso em sua solidão monumental. Da qual só sabe mesmo é esta criatura que sabe que muito ama, e que agora vos fala!
Falou.

marco/07.08.2009.

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