sábado, 26 de setembro de 2009

ANÔNIMAMENTEAMANTE

alguém me escreve:

"Que bom que retornaste.De volta à caça,cão farejador,cheirando tapetes e cantos empoeirados,ascultando o coração da cidade.Teu sangue renovado percorre os becos,as vielas ouvem teus passos onde bêbados,mendigos e putas fazem o carnaval.Tuas mãos percorrem sensualmente a pele das coisas abandonadas,reconhecem objetos antigos que mofavam à espera.Delimita mais uma vez teu território sagrado com lágrima,suor,esperma.Afia as unhas que a briga é boa,empertiga o corpo,bicho que és.Que bom que te pertences de novo."

alguém que me acompanha alguns passos, outros deixa sem maços de mensagens, alguém que me traça os dizeres, se disfarça em textos breves. alguém que me escreve crente que é o falsário mas que deixa sua identidade explícita em seus rascunhos rápidos e lépidos. alguém que me dá um doce mas quer arrancar a minha pele. alguém que sabe que a saliva das suas palavras me hálita, me gosma, me rescende e me bebe. alguém que sabe que a mim pertence. alguém que de tanta pressa, nem os espaços após as vírgulas e pontos deixa ao texto o que merece. mas eu te entendo, meu alguém, eu te guardo e protejo como um maior bem, somente porque sei porque eu vou e porque tu sabes porque vens. eu também te pertenço, fada, maga, cã, coisa esquezilenta, fado, mago, cão, coisa que me atenta. eu te mereço e, pois, façamos nossa mesa, nosso leito, nossa rede, nossas reticências. somos um alguém e um quem selvagens e pacatos, já além das vertigens virgens, mas ainda acreditando em miragens.

marco/21.09.2009.

Um comentário:

  1. não.não te dou conselhos.te ofereço palavras,o melhor de mim,água que me flui.só convido a banhar-se no meu rio.não.não vamos abrir cortinas,nem espiar por entre o sopro de leves cortinados,nem acender as luzes.pra que iluminar a bruma na qual nos movemos?quero o escuro,a névoa,o luscofusco,a poeira entranhada entre os tacos da sala.não.não àquela fotografia amarelada,cheia de ranhuras,
    estrias,,sulcos,imagem rasurada que me dói na nuca, como um soco.farpas me incomodando os dedos.quero o sonho que nos irrompe as madrugadas,cegos de tanta luz,que nos extrai um riso,um esgar,um ricto no canto de boca.mona lisa.

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