sábado, 26 de setembro de 2009

NESSES TERMOS

sou o gato ou o novelo? e você?
sou sopapo ou enlevo, a linha ou retrós, a seda ou o fuso, a carga ou a carretilha?
sou a corda ou a caçamba? e você?
o nó ou o laço, o pé ou o passo, ou eu ou você? quem sabe o que é rúim ou quem sabe ruím, quem? eu ou você, meu amor ou o seu?
sou pasto ou só lastro da queimada, sou pacto ou rês desencilhada, sou o pacato cidadão ou o citadino pego num lapso e enrodilhado numa camisa de força? vou para o hospício ou vou para a forca?
sou o gato ou o rato? aquele que te lambe ou que te rói, aquele te roça ou o que emporcalha a vida deixando meus restos de fome – rasgados -, de urina – marcados -, meus restos de amor em sangues e fezes, resquícios de lavas ou neves. sou eu o tempo ou o espaço? e você?
quem é você, quem você é?
eu sei que quando eu te falo tu pensas que estou falando com outra. e que quando eu falo para outras tu julgas que estou te falando. e eu me desvairo e saio na rua sem rumo e sem lastro, sempre prestes a ter uma síncope, um infarto; mas sei que isso tudo entre nós é perfume, o odor de nossas carnes é muito mais intenso que qualquer um perfume barato, quando estamos juntos é nosso o mundo, é seu e é meu o todo do tempo e do espaço.
sou eu o camelo ou a água? e você?
sou relevo ou sou traço, o sumo ou melaço, o medo ou descaso, o cofre ou o segredo?
sou à ré ou passo a frente, e você?
saiba: sou quem origina, fonte genuína.
e lógica mínima é termos nós dois, um e outro, em nossos braços.
nesses termos.

marco/19.09.2009.

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